Os padrões alimentares constituem um importante determinante da diversidade da microbiota intestinal, alterando a estrutura da comunidade microbiana e a produção de metabólitos. Além disso, alguns dos componentes dietéticos que não são metabolizados pelo hospedeiro tornam-se substratos bacterianos.
Sendo assim, produtos do metabolismo bacteriano, como os ácidos graxos de cadeia curta, são reconhecidos por receptores do hospedeiro em células dendríticas e células epiteliais promovendo a homeostase através de vias imunomoduladoras e de proteção da barreira. Consoante a isto, os microrganismos podem também metabolizar antígenos de proteínas alimentares por meio de atividade enzimática específica, aumentando ou reduzindo sua imunogenicidade.
A alteração da composição bacteriana e/ou das capacidades funcionais e metabólicas das bactérias, bem como infecções intestinais (determinantes microbianos), podem promover sensibilidades alimentares. Portanto, uma dieta não balanceada pode promover uma microbiota com menor diversidade e produção reduzida de metabólitos. Diante disso, a falta de metabólitos bacterianos pode prejudicar a homeostase intestinal.
A disbiose também pode levar a antígenos alimentares parcialmente degradados, produzindo peptídeos imunogênicos que translocam a mucosa. Uma vez na lâmina própria, os antígenos alimentares, são reconhecidos por células apresentadoras de antígeno, como células dendríticas que abrigam o complexo de histocompatibilidade principal (MHC), que medeiam a produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-12, IL-6 e IFNγ).
A microbiota intestinal é amplamente relacionada às atividades metabólicas. Ademais, um mecanismo através do qual as bactérias podem afetar as respostas do sistema imunológico aos componentes da dieta é através do metabolismo bacteriano de antígenos. Estudos mostram que determinadas cepas são capazes de degradar ou modificar antígenos e alérgenos alimentares imunogênicos. Portanto, é possível afirmar que a composição da microbiota pode estar diretamente associada à tolerância.
Os microrganismos intestinais têm um papel essencial na manutenção da tolerância, que impede uma resposta inflamatória contra antígenos, principalmente pela promoção da integridade epitelial. De forma que, muitos desses efeitos são mediados por metabólitos imunomoduladores provenientes do metabolismo bacteriano de substratos dietéticos.
Os produtos metabólicos bacterianos como ácidos graxos de cadeia curta ou metabólitos derivados de triptofano demonstram regular diretamente a função imune da mucosa e da barreira intestinal, afetando a predisposição da sensibilidade ao alimento.
Referências bibliográficas
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